Instituto APHRODITTE-SP

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

3ª edição do SP Transvisão aborda religião, velhice e direitos para travestis e transexuais

3ª edição do SP Transvisão aborda religião, velhice e direitos para travestis e transexuais
Postado por Iyá Fernanda de Moraes às 20:13
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O Despertar da Cidadã!

(Vagner de Almeida)

SOU a menina que nasceu ontem em um corpo de menino

SOU a mulher que finge não ver o que está a minha volta

SOU aquela que busca a luz na escuridão.

SOU o resumo de tantas vidas em minha própria vida.

SOU simplesmente Eu em teus olhos e coração.

Nasci como menino

Cresci como um menino em um casulo feminino.

Corri contra o tempo com botas de soldados armados.

Combati leões e dragões no tempo que deveria ter corrido na primavera da minha idade.

Foram muitos murros em pontas de facas afiadas.

Menino! Comporte-se como menino!

Na minha casa, macho é macho!

Homem não chora!

Mulherzinhas choram!

Eu já era uma mulher, menina, miúda.

Corri contra o tempo e das pessoas.

Sofri maus tratos físicos, psicológicos e resisti.

Não sei se me fortaleci ou não, mas sobrevivi.

Mamãe rezava e me benzia

Papai batia e humilhava

Irmãos xingavam e caçoavam.

Irmãs escravizavam e excluíam

Parentes condenavam, buliam e usavam como queriam.

Vizinhos entre escárnio e tapas, risos e empurrões me apontavam como estranho.

Tempos passaram e passei a ser não mais o estranho, mas sim a estranha.

Cresci e vi gerações crescerem também.

Vi mortes, cortes e brechas no sistema social.

Faceei o desabrochar de tantos “Eus” esfacelados.

Marquei ponto nas esquinas da vida e nas filas dos aflitos.

Fui no enterro de desconhecidos como eu.

Proibiram-me de chorar pelos meus.

Saudades não consigo guardar, nem as feias ou bonitas.

Lamento os medos e alegrias que me proibiram na vida.

Cresci com a coragem camuflada no terror.

Tinha medos, tenho medos, terei medos.

Durante todo o meu percurso de vida serei uma fugitiva de mim mesma

Mas me encontrando todas as vezes que me perco, por que sou forte e rocha.

Hoje quem sou?

Transexual, Travesti, Mulher? Sim Senhor!

Re-visitei minhas entranhas e de lá tirei a minha Alma.

Incomodo?

Te vasculho?

Te embriago?

Te seduzo?

Te possuo?

Te espelho?

Não é o meu problema!

Assim, eu sou!

Livre como Fênix as duras penas do sistema.

Meu nome?

Social ou de luta?

Suzette, Marilyn, ou como queiram me chamar na hora do prazer ou do deboche!

Social Maria da Penha, Mulher, Cidadã, Brasileira tal qual você.

Desarma-se e construa a sua própria vida.

Como assim construí a minha.

Você extremista, racista, transfóbico inconformado

É um ser lamentável.

Necessito ir, pois a vida continua.

Boa noite, Bom dia, Boa trajetória de vida.

O Avesso da Travesti

(Rafael Menezes)

Eu sou o avesso do que o senhor sonhou para o seu filho. Eu sou a sua filha amada pelo avesso, a minha embalagem é de pedra, mas o meu avesso é de gesso. Toda vez que a pedra bate no gesso me corta toda por dentro. Eu mesma me corto por dentro, só eu posso só eu faço!

Na carne externa quem me corta é o mesmo que admira esse meu avesso pelo lado de fora. Eu sou a subversão sublime de mim mesma! Sou o que derrama o que transborda da mulher, só que essa mulher sou eu, sou o que excede dela, ou seja: sou ela com um plus, com um bônus, sou a mulher que tem força de homem, que tem o coração trabalhado no gelo, que pode ser várias, uma em cada dia da semana; eu tenho o cabelo que eu quiser as unhas da cor e forma que desejar os peitos do tamanho que eu quiser e do material que eu puder pagar o que eu trocaria por uma armadura medieval, uma prótese blindada talvez, a prova de balas, a prova de facas, uma prótese dura o suficiente para me proteger de um tiro, e maleável o suficiente para ainda deixar o amor entrar.

Bailarina troglodita das pernas de pau. Eu fui expulsa da escola de dança e aprovada em primeiro lugar na escola da vida; vestibular de morte na cadeira da bombadeira, a minha primeira lição. Era a pele que crescia e me dava à aparência que eu sonhava. Era o suor frio que me descia às têmporas, oriundo do meu medo de morrer. Como pode a beleza e a morte andar de mãos dadas? No mesmo trilho de uma vida marcada por dedos que apontam até o fim da existência, até eu estar deitada imóvel e gelada num caixão barato, que certamente um grupo de amigas ajudou a pagar.

Na minha esquina, sim aqui as esquinas tem donos, de dia os flanelinhas que arranham seu carro se você não os pagar. À noite a “dona das ruas”, meninas, mulheres como eu ou como outra qualquer com pedaços de tecidos fingidos serem saias, brincos enormes capazes de fazer uma mulher comum perder o equilíbrio. O salto de acrílico dá o status de inacessível uma contradição com o quão permissível ela fica, com o quão vulnerável ela é. Ela merece uma medalha.

Pára o carro. O resto de homem que está entre o volante e o banco faz um sinal, ele quer ser mulher, uma mulher mais feminina que ela talvez, porque dessa vez os litros de silicone, o cabelo comprido, o tal brinco gigante e o salto de acrílico não impressionaram a ele, seu desejo é pelo que ela não mostra nas ruas, ela dessa vez vai ter que se ver como homem outra vez. E a vida segue: muitas morrem, outras nascem cada vez mais novas mais alheias com certeza alheias a todo o perigo e a adversidade que vão enfrentar. E assim elas vão, desviando dos tiros, esbarrando nos preconceitos, correndo da policia, mas sempre com um bom batom nos lábios, e um belo salto nos pés, e na maioria das vezes, um vazio no coração. Ela não quer penalizá-lo, não quer tomar conta dos seus filhos, ela é muito mais que isso, ela não precisa de redenção. Ela precisa sim, do respeito que você pode dar. ”Muito prazer! Elas existem”.

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